dez folhetos enviados por mala direta
Em fins de outubro de 2015, os moradores de nove mil residências nos bairros de Santa Cecília e Higienópolis, em São Paulo, passaram a receber em suas casas (sem que houvessem solicitado) uma série de folhetos entregues por mala direta, denunciando os supostos trambiques de um certo Valfrido.
Pouco mais de um mês e dez folhetos depois, tudo se encerrou. Sem as devidas explicações ou, ao menos, algum final minimamente conclusivo.
DOIS
4 de novembro
folheto impresso nº 2
UM
29 de outubro
folheto impresso nº 1
TRÊS
9 de novembro
folheto impresso nº 3
QUATRO
13 de novembro
folheto impresso nº 4
CINCO
16 de novembro
folheto impresso nº 5
SEIS
19 de novembro
folheto impresso nº 6
SETE
24 de novembro
folheto impresso nº 7
OITO
26 de novembro
folheto impresso nº 8
NOVE
1 de dezembro
folheto impresso nº 9
DEZ
4 de dezembro
folheto impresso nº 10
a produção
Os folhetos foram todos impressos em offset na GIV — gráfica online na qual é impossível não apenas alguma customização ou acompanhamento de produção, como também qualquer contato com outros seres humanos.
Inicialmente, todos seriam entregues pelo sistema de Mala Direta Básica, dos Correios. Contudo, logo após o envio do primeiro folheto (ou melhor: logo após concluirmos que ninguém havia recebido o primeiro folheto), descobrimos a existência de uma espécie de “máfia dos porteiros” que bloqueava qualquer correspondência comercial sem destinatário específico que não oferecesse algum tipo de “agrado” aos mesmos. Insistimos mais uma vez mas, ao perceber que o segundo folheto teve o mesmo destino, fomos obrigados a rever todo o sistema de entrega (transformando-o num processo caótico e infernal).
objetos surgindo pelas ruas ao redor
Conforme a história criada pela sequência de folhetos avançava, objetos nela mencionados começavam a surgir, aqui e ali, pelas ruas ao redor, complementando a narrativa.
HOMENS-PLACA
14 de novembro
esquina da avenida Angélica
com a avenida Higienópolis
COROA DE FLORES
PARA SEU ANTONIO
18 de novembro
esquina da rua Jaguaribe
com a rua Aureliano Coutinho
SERES QUE
PERSEGUIAM LUCIELLE
27 de novembro
esquina da rua General Jardim
com a rua Dr. Vila Nova; esquina
da avenida Angélica com a rua
Maranhão; rua Sabará e esquina
da rua Jaguaribe com a rua
Aureliano Coutinho
e um livro
Dividir os livros em ficção e não ficção aponta nossos olhares ao mundo: aqui estão mentindo, enquanto ali falam a verdade. Valfrido? une, embaralha e questiona esses universos distintos ao não se limitar à compilar num volume a história contada por malas diretas e ações de rua, mas também utilizá-la como ponto de partida para outra narrativa, na qual temas como a relação entre texto e design são discutidos livremente.
tamanho 19,5 x 25 cm
qtd. de páginas 192
capa serigrafia em papel holler,
sobrecapa rasgada e carimbada à mão
bolsa contendo os dez folhetos originais
editora Lote 42
ano 2016
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